Crise
O bom e barato agora é apenas bom
Em um ano a variação do preço do feijão chegou a 77% e do arroz a 17%
Carlos Queiroz -
Nem mesmo o principal prato dos brasileiros ficou de fora do reajuste de preços em plena crise econômica. O arroz e o feijão, considerados por especialistas em saúde a combinação perfeita em nutrientes essenciais ao organismo, têm pesado no bolso. Segundo levantamento do Programa de Proteção e Defesa do Consumido (Procon) de Pelotas, entre junho de 2015 e junho de 2016 o arroz apresentou uma variação de 17%. A inflação fez com que o quilo passasse de R$ 2,62 para R$ 3,08. Já o aumento no preço do feijão é ainda mais representativo e assustador. O grão do tipo preto, o mais consumido na Região Sul do Estado, apresentou variação de 77% comparado ao mesmo período do ano passado. O que fez o valor saltar de R$ 4,19 para R$ 7,43.
A alta dos preços atingiu todas as variedades de grãos e pode levar o consumir a diminuir a quantidade comprada por mês, porém, dificilmente deixará de ser consumido. Muitos já vem, aos poucos, adequando a realidade do bolso à do carinho no supermercado. A substituição de produtos tem sido uma opção. Um exemplo disso é a troca da carne vermelha pela branca, mais barata. Essa medida, porém, não se encaixa para o arroz e feijão.
Os efeitos do aumento de preços são sentidos por todos. A proprietária de um restaurante do centro de Pelotas - localizado na rua Lobo da Costa -, Tamires Martins, 26, serve 250 pratos por dia, todos acompanhados da dupla preferida dos brasileiros. Por semana ela gasta 25 quilos de feijão e cem quilos de arroz. Em média desembolsa para comprar essa quantia R$ 406,25 por semana - pagando R$ 6,50 pelo quilo de feijão e R$ 12,00 por cinco quilos de arroz (valor da última compra). O aumento mais recente que repassou aos clientes foi há cinco meses - de R$ 1,00 por prato servido. O segredo, de acordo com Tamires, para não repassar o aumento do feijão, é percorrer a cidade em busca de promoções. “Com a crise, perdi uma média de cem clientes por dia. Se eu aumentar o valor do prato este número também irá aumentar”, analisa Tamires.
Do campo para a mesa
Para o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Irajá Antunes, o valor do feijão está diretamente relacionando ao plantio de soja, mais barato e rentável ao produtor. O que desencadeou uma redução das lavouras e uma produção menor sobre o consumo. Já o preço do arroz estaria relacionado com o clima. Segundo o gerente regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), André Matos, a época de plantio em 2015 foi chuvosa, o que representou uma queda de produção de 9,2% e de produtividade de 7,4%, comparado ao ano anterior. A estimativa é que esse ano seja de recuperação para a agricultura do arroz irrigado, por ser ano de La Ninã e previsão de estiagem na fase do plantio.
Consumo do Brasileiro
A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE/2009) apontou que o brasileiro consome
14,6 quilos
de arroz por ano.
Já a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta que o brasileiro consome cerca de
16,5 quilos
de feijão por ano.
O preço por mês em 2016
Arroz
Março: R$ 3,14
Abril: R$ 3,11
Maio: R$ 3,08
Junho: R$ 3,08
Feijão
Março: R$ 5,14
Abril: R$ 5,13
Maio: R$ 5,18
Junho: R$ 7,43
* Dados Procon Pelotas
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